sábado, 24 de abril de 2010

Seguro barato protege contra a pobreza

Combater a pobreza é uma tarefa difícil e permanente -- mas, quando bem sucedida, beneficia a sociedade inteira. As microfinanças são um ramo da economia que oferecem instrumentos criativos para ajudar os mais pobres em diferentes momentos. O microcrédito é a solução mais conhecida. Sob condições facilitadas, o pobre consegue dinheiro para se manter ou investir no negócio próprio. A micropoupança é outra inovação, que funciona no longo prazo. É uma ferramenta para quem tem pouquíssimo dinheiro sobrando no fim do mês conseguir poupar mesmo assim. Outra solução, mais recente, está ganhando forma no Brasil: o microsseguro. Ele garante que a condição financeira conquistada por meio do microcrédito ou do microempréstimo não piore de novo se acontecer algum imprevisto.O mercado em potencial nos países em denvolvimento é estimado em pelo menos 1,5 bilhão de apólices. Hoje, 135 milhões de pessoas têm acesso a algum tipo de seguro que se aproxima do conceito. Os números foram divulgados em março deste ano pela Autoridade para Regulação e Desenvolvimento do Seguro da Índia, país em que o microsseguro já está sendo testado há pelo menos seis anos - desde que a destruição provocada pelo tsunami de 2004 arrastou muitas famílias de volta para baixo da linha da pobreza. Empresas privadas, ONGs e governo trabalham para proteger financeiramente a população de novos desastres. "A população de baixa renda pode se beneficiar do seguro se ele for desenhado, entregue e cobrado de forma apropriada", afirma Craig Churchill, uma das maiores autoridades no assunto. No projeto Facilidade para a Inovação em Microsseguro, da Organização Internacional do Trabalho (OIT), Churchill coordena uma equipe que dá apoio e financiamento a cerca de 40 organizações que trabalham com projetos de microsseguro em várias partes do mundo, incluindo dois projetos no Brasil. Mesmo que a área não esteja regulada ainda por aqui, as seguradoras oferecem produtos mais baratos e acessíveis. Mas o que define microsseguro é, como Churchill afirma, o serviço ser feito e direcionado para os pobres, com preço mais baixo, menos burocracia e mais rapidez na hora de entregar o dinheiro, caso ocorra o imprevisto. Em entrevista a ÉPOCA, Craig Churchill fala sobre a fase de aprendizado em que o mercado de microsseguros está, o que já foi aprendido e como o Brasil poderá se sair.
ÉPOCA – Como o microsseguro pode afetar a vida das pessoas?
Craig Churchill - A população de baixa renda pode se beneficiar do seguro se ele for desenhado, entregue e cobrado de forma apropriada. Depois de fazer um produto adequado, começam a surgir evidências desse efeito. Existem estudos em andamento. Mas precisamos ter cuidado para não vender falsas promessas. Estamos numa fase de aprendizado e seria prematuro fazer grandes afirmações sem evidências suficientes.
ÉPOCA – Como fazer para que a população de baixa renda entre no mercado de seguros?
Churchill - Um aspecto-chave é que os clientes precisam entender o que estão comprando. Ter de dar mais informação na hora de vender faz com que as empresas se preocupem mais com o desenho e a qualidade dos produtos. No Brasil, na Colômbia e no Quênia, as associações nacionais de seguro estão envolvidas ativamente na questão. Os seguros para baixa renda têm de ser simplificados, ter procedimentos mais simples e canais de distribuição não tradicionais. A inovação tecnológica é uma aliada. O projeto Facilidade [para a Inovação em Microsseguro] planeja investir mais em tecnologia para aumentar o alcance e a eficiência dos serviços.
ÉPOCA – Parece que o Brasil vai ter uma lei específica para o microsseguro. O que você acha disso?
Churchill - Para que o microsseguro exista, é muito importante haver um ambiente regulatório desenhado. A Índia tem uma abordagem proativa, exigindo que o setor privado sirva os setores rural e social enquanto outras jurisdições têm usado incentivos. Às vezes as regulamentações na verdade inibem o acesso dos pobres ao seguro, e quando isso acontece, elas precisam ser adaptadas.
ÉPOCA – Por que a Índia é sempre citada como exemplo de mercado de microsseguro?
Churchill - Um “boom” do microsseguro está acontecendo na Índia por causa de uma convergência de fatores. A privatização do mercado de seguros, que começou no final dos anos 90, resultou na emergência de algumas companhias de alta qualidade. A exigência de que as empresas tenham uma parte de seus portfólios nos setores rural e social com certeza contribuiu para a expansão do microsseguro na Índia. O governo dá apoio. Existe um enorme mercado em potencial para o microsseguro. E a Índia também é abençoada por uma sociedade civil vibrante, que abraçou o seguro como uma ferramenta de proteção legítima para os mais pobres. As organizações comunitárias – como ONGs, instituições de microfinanças e cooperativas – formam um sistema de distribuição muito forte. Muitas das inovações mais interessantes em microsseguro para saúde e agricultura apareceram na Índia. Isso tem a ver com engenhosidade e competição acirrada.
Fonte: Época - Daniella Cornachione

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Consumidor pode contratar seguro de R$ 3,50 por mês


Seguradoras perceberam novo mercado e oferecem produtos mais baratos.
Há seguro até contra bala perdida. Uma novidade do mercado de seguros promete fazer muita gente assinar a sua primeira apólice. São os microsseguros, destinados a proteger quem não quer - ou não pode - gastar muito. Tem proteção até contra bala perdida. Geladeira, televisão, telefone, carro e casa própria. Em ascensão, a nova classe média brasileira agora entrou na mira de um novo produto: o seguro. Quem compra mais também quer se proteger. As seguradoras perceberam e estão oferecendo produtos mais baratos. A comerciante Tauna de Paula Moura, por exemplo, que mora em Heliópolis, na periferia de São Paulo, comprou um seguro contra acidentes pessoais que cobre de raios até bala perdida. A mensalidade baixa ajudou na decisão. “R$ 3,50, por um prêmio de R$ 20 mil. Foi o diferencial o valor”, diz.
O preço e novidades adaptadas às necessidades desse novo cliente, como o auxílio funeral. “Sua família pode ficar protegida com alguns salários mínimos e ter tempo para recuperar a dignidade. É claro que essa população pode estar exposta a determinados riscos diferentemente de outras classes”, afirma Eugênio Velasques, da Bradesco Vida e Previdência. Teste na Rocinha e em Heliópolis Desde fevereiro, quando o seguro começou a ser oferecido de modo experimental nas favelas da Rocinha, no Rio de Janeiro, e em Heliópolis, em São Paulo, 640 apólices foram vendidas. Deu tão certo que, a partir desta semana, o produto estará disponível em todo o Brasil. A grande demanda por seguros mostra o espaço que ele tem para crescer. Estimativas calculam que esse mercado pode chegar a 100 milhões de pessoas. Gente que ganha até dois salários mínimos. São brasileiros que nunca compraram um seguro. A Susep, autarquia responsável pelo controle e fiscalização do mercado de seguros, pretende definir as regras deste mercado ainda neste semestre. “Os seguros tradicionais vem em um marco regulatório muito complexo. O microsseguro vai ter que ter fácil entendimento para o consumidor, ou seja, a pessoa precisou o seguro tem que pagar rapidamente”, afirma o superintendente da Susep, Armando Virgílio.
Fonte: G1, com informações do Jornal da Globo